A produção mundial aumenta e as reservas mundiais devem alcançar o nível mais alto dos últimos dez anos
Em outubro, os preços mundiais caíram devido a uma oferta mais abundante e um dólar ligeiramente mais forte, diz o boletim internacional InterArroz, do analista Patrício Méndez del Villar, do Cirad francês. Além disso, é pouco provável que a nova política de preços internos da Tailândia tenha repercussões fortes, a nível internacional, por enquanto.
Os competidores asiáticos se mostram comercialmente mais agressivos nos mercados de exportação e baixam seus preços. Do lado comprador não há pressa, já que as perspectivas para 2012 são bastante otimistas. A produção mundial aumenta e as reservas mundiais devem alcançar o nível mais alto dos últimos dez anos. Consequentemente, o comércio mundial pode diminuir um pouco, com uma demanda menos forte dos principais importadores asiáticos, sobretudo nas Filipinas.
Em outubro, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) caiu levemente 1,6 pontos para 268,3 pontos (base 100 = janeiro 2000) contra 269,9 pontos em setembro. No início de novembro, o índice IPO marcava 267 pontos.Produção e comércio mundiais
PRODUÇÃO MUNDIAL
Segundo a FAO, a produção mundial em 2010 alcançou 700 milhões de toneladas (467Mt base arroz beneficiado) contra 683Mt de arroz em casca em 2009, um aumento de 2,3%. As colheitas aumentaram em quase todas as regiões arrozeiras do mundo graças a uma extensão das áreas de cultivo, as quais alcançaram cerca de 163Mha. As projeções para a temporada 2011 indicam um novo recorde da produção a 723Mt (482,4Mt base arroz beneficiado), alta de 3,4%. Este crescimento será concentrado nos principais países produtores asiáticos, especialmente China, Índia e Indonésia, que totalizam juntos quase dois terços da produção mundial.
COMÉRCIO MUNDIAL
Em 2011, o comércio mundial deve subir 8%, alcançando um volume recorde de 34Mt, contra 31,5Mt em 2010. Em 2012, os fluxos comerciais podem declinar 1,5% a 33,5Mt em função de uma menor demanda de importação em certos países asiáticos. As disponibilidades exportáveis dos principais exportadores seguem sendo amplamente suficientes para atender a demanda mundial.
Os estoques mundiais de arroz para o final de 2011 foram revisados novamente para cima e podem aumentar 4,3% para 138,4Mt, contra 132,7Mt em 2010. Estas reservas representam quase 30% das necessidades mundiais. Em 2012, as projeções dos estoques mundiais indicam um novo incremento significativo de 7,7% para 149Mt.
MERCADO DE EXPORTAÇÃO
Na Tailândia, os preços se mantiveram relativamente estáveis em setembro, com um ligeiro aumento no final do mês. As graves inundações não têm afetado muito os preços de exportação, ainda que relatórios indiquem uma perda de 3Mt de arroz. O governo e exportadores privados dispõem de cerca de 5Mt em estoque. Por outro lado, a reativação das exportações indianas com preços extremamente competitivos pode dificultar a implementação da nova política tailandesa relativa aos preços internos. Em outubro, o Tai 100%B ficou estável a US$ 613/t Fob. Já o Tai Parbolizado caiu 2% para $ 597/t contra $ 610/t em setembro. O quebrado A1 Super também caiu para $ 486/t contra $ 493/t em setembro.
No Vietnã, os preços de exportação se consolidaram novamente. Os compradores mostram interesse por esta origem já que alguns antecipam possíveis altas no mercado tailandês. Ainda assim, a atividade comercial se encontra relativamente fraca em virtude do interesse por outras origens também, como a Índia, Camboja e Mianmar. Em outubro, o Viet 5% marcou $ 566/t contra $ 553/t em setembro. O Viet 25% também subiu para $ 515/t contra $ 501 anteriormente. No início de novembro, os preços se mantinham estáveis.
No Paquistão, os preços registraram nova queda de 6%. Com o retorno da Índia ao mercado mundial, os exportadores paquistaneses devem se alinhar aos preços indianos para manter a competitividade, especialmente nos mercados do Sudeste asiático. O Pak 25% foi cotado a $ 420/t contra $ 446/t em setembro.
Na India, os preços continuam baixando e são atualmente os mais baixos do mercado de exportação. A Índia parece querer se desfazer de uma parte de seus estoques a preços baixos. Os principais importadores se mostram altamente interessados pelos arrozes indianos. A Indonésia continua negociando com a Índia um contrato de 250 a 500.000 t. O arroz indiano 5% marcou $ 463/t em outubro contra $ 469/t em setembro. O indiano 25% foi cotado a $ 412/t contra $ 434 anteriormente.
Nos Estados Unidos, os preços de exportação começaram a cair pela primeira vez desde o inicio de agosto. Estes são ainda superiores aos preços tailandeses, mas o diferencial tende a reduzir, o que poderia reativar o mercado de exportação, por ora pouco movimentado. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros subiram 4% durante o mês de outubro, estimulados pela demanda interna. Em outubro, o preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 foi de $ 625/t contra $ 645 em setembro.
No Mercosul, os preços de exportação aumentaram ligeiramente, mas com uma alta volatilidade semanal. O plantio já começou. As perspectivas de colheita para a temporada 2011/2012 indicam uma possível redução das áreas semeadas. No Brasil, o preço de referência do arroz em casca aumentou devido a uma oferta relativamente escassa. Na África, a produção arrozeira pode não avançar muito durante esta temporada em função das chuvas irregulares, sobretudo nos países da África Ocidental. Colheitas insuficientes e preços de importação mais altos devem agravar a situação alimentar nesta região do continente, especialmente nos países do Sahel.
Quadro de Oferta Mundial
(Em Milhões de toneladas)
Produção
beneficiado Exportações Estoques
2010 2011 2010 2011p 2011
Mundo 467,0 482,4 31,5 34,0 138,4
China 134,0 137,0 0,7 0,8 75,2
Índia 91,1 99,5 2,0 2,5 9,1
Indonésia 43,2 44,3 - - 5,4
Vietnã 26,0 26,7 6,9 7,5 2,8
Tailândia 21,9 21,3 9,1 9,9 5,2
Brasil 8,6 8,0 0,4 0,8 2,0
EUA 7,6 6,8 3,9 3,4 1,7
Paquistão 6,8 4,7 3,6 2,7 0,4
Fontes: FAO & USDA, Outubro 2011
Créditos: http://www.planetaarroz.com.br/site/noticias_detalhe.php?idNoticia=10267