terça-feira, 27 de setembro de 2011

Além dos indicadores de performance

Dalai Lama sugere métricas que considerem sentimentos dos funcionários

"Num nível fundamental, somos todos iguais". Assim o líder espiritual Dalai Lama iniciou sua apresentação no evento "Uma nova consciência nos negócios", realizado em São Paulo no último dia 15 de setembro.

Ele, que é monge advindo do Tibete, de lá foi exilado em 1969, ano da tomada chinesa do monte. Vive na Índia desde então e lidera, quando consegue o visto de imigração, apresentações tocantes em todo o planeta. Felizmente, o caso do visto foi positivo no Brasil, mas exigiu esforço e nove meses de canseira que envolveram Itamaraty e Brasília. Já a Argentina não liberou sua entrada, os impedimentos acontecem por questões com a China e a diplomacia entre países.

Me causa profunda estranheza a resistência a mudanças que o sistema impõe, o que me lembra OSHO, líder indiano que também foi vítima de retaliações diversas até sua morte. A mensagem, de um e de outro, remonta à autenticidade necessária para uma conduta de realizações e desenvolvimento sadio. Amor. Ética. Verdade. Em nossas empresas, com bem menos pompa, sofremos igual dificuldade para implementar sistemas mais agradáveis e produtivos para nossas vidas. Como Dalai Lama e os organizadores destes eventos, devemos persistir, até conseguir. Na sua apresentação da semana passada, muito me chamou a atenção a possibilidade de trabalharmos com novos indicadores gerenciais, nos quais a verdadeira motivação substitui a hipocrisia do "business" e cria um ambiente de boa aventurança e produtividade. Educar primeiro o coração, depois o cérebro."Na sua apresentação da semana passada, muito me chamou a atenção a possibilidade de trabalharmos com novos indicadores gerenciais, nos quais a verdadeira motivação substitui a hipocrisia do "business" e cria um ambiente de boa aventurança e produtividade. Educar primeiro o coração, depois o cérebro."

Antigamente, o mundo não tinha o senso de unicidade que alcançou hoje com a economia global, a necessidade de ecologia e o crescimento da população. Os interesses comuns regem nossas vidas de forma inexorável. Precisamos de recursos de outros países e até de outros continentes a todo o tempo. Não podemos mais tomar decisões isoladas sem pensar nas consequências. Com tantas inovações iniciadas no século XX, fazemos os prédios mais altos do mundo e temos os piores índices já registrados em corrupção, violência, conflitos e síndromes.

Se há a possibilidade de um conflito, ele, Dalai Lama, pede que eduque-se desde já para o diálogo e as conversações. Mas você não pode desarmar um mundo agressivo e armado até os dentes se não desarmar seu interior. O autoconhecimento é, portanto, o negócio do século. Sem autenticidade e uma pitada de honestidade e transparência, as armas interiores provocam conflitos, fofocas, políticas, roubos. São elas, segundo Dalai Lama, nominalmente:

  • Raiva
  • Ódio
  • Medo
  • Inveja
  • Ganância

Estas emoções acabam por representar as causas primeiras da violência entre povos, áreas da empresa, membros da mesma família, entre você e seu amor. É preciso lidar com as emoções negativas e transformar suas próprias necessidades internas, para haver o desarmamento externo. É importante curar o senso secreto de insignificância pessoal, ou de desamparo, que guardamos e, para consumir menos, acabar com nossa necessidade de apresentar provas externas de nosso valor. Sem esta manobra sutil, ficaríamos frustrados, alterando rotinas que nos servem até aqui, muito bem. Precisamos nos sentir bem em nossa própria pele, e a educação é a chave. Podemos educar para o bem, construtivo, ou para o mal, destrutivo. Depende de qual a motivação. E aí, vem a beleza: educar primeiro o coração, depois o cérebro. Cultivar o calor do coração alimenta os valores humanos que nos sustentam e nos permitem ser felizes. Se você fomenta estes valores internos primeiro, reduz o medo e permite a paz interior. Realizar com grande maestria e competência no mundo material, partindo daí, faz o que posso chamar de Empreendedorismo Quântico. Não devemos abandonar a ousadia material, apenas domiciliar nossas competências ao consultar o coração, a alegria e o entusiasmo interno sincero. O resultado é mágico e de riquezas em todas as direções. Na medida. Sem medidas.

Indicadores gerenciais alinhados a isso ao ativismo quântico da Nova Ciência, à qual pertenço com luta, dizem respeito a não separar o material do imaterial. Em outras palavras: os indicadores econômicos, de meta e performance são importantes e devem seguir bem-vindos. No entanto, não devem ser isolados dos indicadores imateriais, como os sentimentos perceptíveis nas atividades e a intenção de realizá-las. A paz interior e a felicidade que todos (religiosos ou não) desejam naturalmente dependem de cada sentimento colocado em cada ação. Uma empresa baseada em intenções sinceras de colocar um sorriso no rosto de cada cliente tem um propósito, e ter um propósito muda tudo.

"Uma empresa baseada em intenções sinceras de colocar um sorriso no rosto de cada cliente tem um propósito, e ter um propósito muda tudo."

Ok, ok, mas somos uma empresa, não queremos ir à falência com os melhores sentimentos do mundo. Fiz esta afirmação ao físico Quântico Amit Goswami e vi novamente o mesmo desafio com Dalai Lama. Feliz de informar, estou com eles. Já estamos indo à falência com um planeta corrupto, adoecido, deseducado, desmotivado, agressivo, afetado e surtado. A mudança, depois de iniciada, se torna um grande alívio e uma imensa motivação. "We have the means, but we don?t have the meaning" (temos os meios, mas estamos sem sentido), já escrevi parafraseando Viktor Frankl, o grande médico sobrevivente de Auschwitz e criador da logoterapia. A falta de autenticidade permitida está nos sufocando a alma neste início de milênio. Queremos dançar e cantar internamente, ter perspectivas, visualizar um mundo melhor, acreditar que nós sim, do nosso jeito e com nossa existência, teremos um significado valioso ao nos valer com inteligência de recursos materiais jamais presentes antes. Afinal, somos feitos de consciência.

Alguns indicadores gerenciais são quânticos, ou seja, não são apenas materiais e "locais", mas baseados na consciência, aquela energia não local que, se não vemos a olho nu, sentimos e sabemos presente. Eles estão no ar e podem ser vistos nas empresas como:

  • Sinergia entre as pessoas e áreas
  • Energia vital dos produtos (ou você tem alguma dúvida que além de marketing aquela maçã mordida da Apple tem vitalidade humana plasmada?)
  • Brilho nos olhos
  • Alegria e humor
  • Solidariedade e amor
  • Confiança entre as pessoas
  • Valores éticos, baseados em amor, desejo alegre do bem maior da empresa
  • Capricho material, comunicação não violenta, organização, metodologias apoiando atividades em um ambiente no qual o contexto maior é compreendido.

Como podemos tornar estes aspectos elevados da vida em indicadores gerenciais?

Eu posso contar os dias de presença, as horas de trabalho, a quantidade de novas ideias, os projetos concluídos materialmente, os custos e os lucros. Mas como posso criar indicadores para estas coisas?

Este desafio marca meus últimos vinte e dois anos profissionais com a companhia, os clientes de varejo, o serviço, a ONU e o governo, a nossa indústria, as universidades, o Personare, com gente. O Método Quantum mede energia, motivadores e intenções. Mas são as pessoas que precisam de uma comunicação massiva na empresa, com os demais, para criar esta atmosfera de realização interior tanto quanto externa. Tanto quanto, perceba. Sem aquilo de valorizar demais o ser, e abandonar o fazer. São ambos importantes - e simultâneos. Dalai Lama diz que "uma estátua construída é a obra. A obra não é o mais importante. O mais importante é o que você constrói dentro de você". Pense nos projetos e trabalhos mais significativos da sua vida. O coração de calor cultivado está presente. Você se sentiu magnânimo, valorizado, unido e cooperando com um monte de pessoas, com uma intenção forte, quase sempre nobre, ajudando o amor. Sim, o amor!

As medidas convencionais são fundamentais, como satisfação e feedback de clientes, clima organizacional, numero de ligações e e-mails trocados, faturamento, gestão. Mas, por favor, livre-se do mecanicismo. Estes indicadores devem ser aliados a medidas de valor humano, como:

  • Quantas vezes esta semana você se sentiu entusiasmado com o trabalho?
  • Com quem você sabe, de coração, que pode contar na empresa?
  • Por que esta organização é motivo de alegria para o mundo?

As formas de medir isso estão no assessment, no diálogo e na sensibilidade humana de que somos dotados. Precisamos aprender a validar com novos paradigmas os sinais de prosperidade e sucesso que buscamos. Pessoas sorrindo não são uma mera coincidência.

"Precisamos aprender a validar com novos paradigmas os sinais de prosperidade e sucesso que buscamos. Pessoas sorrindo não são uma mera coincidência."

Para Dalai Lama, três são os elementos que nos permitem desenhar e utilizar novos indicadores gerenciais para a nova empresa do século XXI:

  • 1 Experiência comum (de nós como humanos ao perceber, por exemplo, o ânimo das pessoas);
  • 2 Bom senso (você sabe destas coisas. Sinceridade e comunicação delicada agradam e constroem);
  • 3 Descobertas da ciência (como a Física Quântica, que sugere que cada intenção silenciosa faz uma intervenção real no ambiente). Para ser livre, perdoar é importante.

Fonte: http://www.personare.com.br/revista/carreira-e-financas/materia/1807/alem-dos-indicadores-de-performance

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