Alimentos estocados dependem de temperatura e umidade controlados
O setor de armazenagem terá de passar por transformações significativas nos próximos anos. A partir de 2017, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) ampliará as exigências técnicas impostas aos depósitos de grãos. Para atender às mudanças, o agronegócio discute implicações das novas regras no 5.º Simpósio Sul de Pós-colheita de Grãos, promovido pela Associação Brasileira de Pós-Colheita (Abrapos), em Espumoso (RS). Entre as preocupações, estão também exigências sanitárias, que dizem respeito à saúde do consumidor final, como a presença de micotoxinas nos alimentos.
“O consumidor desconhece o problema. As micotoxinas são altamente prevalecentes no Brasil. Depois que se formam, não adianta fazer mais nada”, aponta Carlos Augusto Mallmann, coordenador do Laboratório de Análises Micotoxicológicas da Universidade Federal de Santa Maria, referência mundial no assunto.
Existem pesquisas estimando que 62% dos alimentos consumidos pelo brasileiro são alvos das micotoxinas, substâncias tóxicas produzidas por fungos que surgem por meio da decomposição dos alimentos. A lista de produtos inclui o tradicional arroz com feijão, além de sucos, frutas secas, leite, queijos, vinhos, entre outros. Análises de laboratório identificaram mais de 300 tipos de micotoxinas nos produtos comercializados no Brasil.
As empresas que trabalham com armazenagem deverão se adaptar para que os fungos não se multipliquem em suas instalações. Silos construídos há décadas e sem manutenção adequada apresentam fatores preponderantes – umidade, temperatura e sujeira – para a proliferação das micotoxinas. A mistura de alimentos novos com antigos também favorece o problema.
No início deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma normativa quanto aos limites máximos tolerados (LMT) para micotoxinas em alimentos. Algumas medidas já estão em vigor e devem ser adotadas imediatamente pelas empresas que importam, produzem, distribuem e comercializam bebidas, alimentos e matérias-primas listadas na resolução. A implantação total da normativa ocorrerá somente em 2016.
Padronização
Serviço será avaliado por certificadoras
Os armazéns deverão receber certificados públicas e privadas à medida em que forem se adequando às novas exigências do governo federal. “O produtor brasileiro foi preparado para produzir e colher. A certificação vai iniciar uma nova etapa no segmento de armazenagem do país”, aponta Irinei Codrini, presidente da Associação Brasileira de Pós-Colheita (Abrapos). A certificação abrange 150 quesitos, entre obrigatórios e recomendados.
Os prazo para que as novas normas entrem em vigor foi postergado diversas vezes – a data inicial era 2014 – a pedido do setor de armazenagem. A previsão agora é que, até 2017, as adaptações sejam feitas.
Apesar das mudanças de data, algumas cooperativas estão adiantadas. A Cotriel, cooperativa de Espumoso, já obteve a certificação de quatro das suas 12 unidades. Outras quatro passarão pelo processo ainda neste ano e as demais em 2012. Em média, foram investidos R$ 10 mil em cada unidade para que fossem atendidas as exigências federais.
R$ 10 mil
por armazém estão sendo gastos pela cooperativa Cotriel, de Espumoso (RS), para adaptação às novas normas do governo federal, que reduzem o risco de problemas como as micotoxinas.
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