Anvisa, CNA e pequenos agricultores divergem sobre uso de agrotóxicos
Brasil é o país que mais usa defensivos agrícolas no mundo, produtos que podem provocar mutações genéticas entre outros efeitos negativos. Participantes de audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família, nesta quinta-feira (7), divergiram radicalmente sobre o uso de agrotóxicos no Brasil. Enquanto a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) defendeu a modernização do uso desses insumos, um representante da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e uma deputada apontaram os efeitos negativos para a saúde humana. Já o representante dos pequenos agricultores defendeu o fim do uso dos agrotóxicos. O tema foi discutido como parte do Dia Mundial da Saúde, comemorado nesta quinta-feira (7). Na audiência, foi ressaltada a influência dos agrotóxicos na qualidade de vida dos brasileiros. O Brasil é o país que mais consome esses produtos no mundo. Foram usados cerca de 1 bilhão de litros em 2009, segundo dados do Sindicato Nacional para Produtos de Defesa Agrícola.
Consequências neurotóxicas - e acordo com o diretor da Anvisa José Agenor Álvares, os agrotóxicos podem provocar tontura e dor de cabeça, consequências conhecidas como neurotóxicas. “São questões neurológicas ou mutagênicas, que podem alterar alguns genes das pessoas.” Segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 115 pessoas morreram contaminadas com agrotóxicos e quase 4 mil ficaram intoxicadas com o produto em 2009. Pesquisas da Anvisa também mostram contaminação acima da permitida por lei em alguns alimentos, como o pimentão. Um estudo divulgado no mês passado, mostrando que a contaminação por agrotóxicos vai além da alimentação, preocupa a deputada Celia Rocha (PTB-AL). Segundo ela, “pesquisadora da Universidade Federal do Mato Grosso detectou no leite de 62 mulheres a presença de dois a seis tipos de agrotóxicos, inclusive um proibido no Brasil desde 1999”.
Fim dos agrotóxicos - O representante da Secretaria Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores, Valter Israel, lembrou que o Dia Mundial da Saúde marcou o lançamento de uma campanha permanente contra o uso de agrotóxicos. Ele ressaltou que é possível produzir de maneira diferente. “A nossa discussão não é a do agrotóxico genérico, que está rolando por aí. Não é de como nós vamos organizar a produção com agrotóxico com baixo custo, e sim de como vamos organizar a produção sem agrotóxicos.”
Modernização do Uso - Já o representante da Confederação Nacional da Agricultura, Aléssio Maróstica, diz que é impossível produzir alimentos para os brasileiros e para exportação sem usar esses defensivos químicos. Segundo ele, é necessário “modernizar a aplicação” dos defensivos agrícolas existentes e já em uso no Brasil. “Sem os agrotóxicos, vai ser muito difícil nós termos alimentação para todos”, diz Aléssio.
Subcomissão - O debate desta quinta-feira foi o ponto de partida de uma subcomissão especial criada para avaliar as consequências do uso de agrotóxicos para o País. O presidente do colegiado, deputado Padre João (PT-MG), informou que, nos próximos meses, os deputados vão analisar a relação dos agrotóxicos com os trabalhadores, com o meio ambiente e com os consumidores dos produtos agrícolas. Ao final dos trabalhos da subcomissão, acrescentou o parlamentar, será divulgado um relatório que mostre quais pontos da lei e da ação do Estado devem ser melhorados na área. (Agência Câmara)
Contribuição do colega Geverson Lessa dos Santos - NCE - GCC
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