Em tempos de "bullying", o profissional da atualidade está tendo que aprender não só o que significa esse termo, como também aplicar a ética que começa a surgir a partir das interpretações dele. Hoje em dia existe um padrão de conduta cobrado juridicamente às empresas, que impede qualquer tipo de provocação preconceituosa quanto a deficiências, traços pessoais, inabilidades ou erros de seus funcionários.
Segundo a enciclopédia livre Wikipedia, "bullying é um termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (do inglês bully, tiranete ou valentão) ou grupo de indivíduos, causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder". É, portanto, um dos aspectos das relações de poder nas empresas, sendo frequentemente aceito ou mesmo encorajado como parte da cultura de algumas organizações.
Lidar com o poder é um dos grandes temas da sociedade e não domina apenas as relações de trabalho. Quem tem o poder quer mantê-lo a todo custo, e quem não tem terá que se posicionar contra ou a favor dos poderosos. É cada vez mais raro e difícil para o funcionário conseguir manter uma postura de neutralidade nos ambientes corporativos, sem correr o risco de ser tachado de "em cima do muro".
Como identificar se você sofre bullying na empresa?
Não é qualquer divergência que caracteriza bullying. Uma brincadeira de mau gosto ocorrida uma única vez não pode ser chamada de assédio. Bullying pressupõe: repetição sistemática, intencionalidade (forçar o outro a sair do emprego), direcionalidade (uma pessoa do grupo é escolhida como bode expiatório), temporalidade (durante o expediente e por dias ou meses) e degradação deliberada das condições de trabalho.
Alguns sinais de que o profissional está sendo assediado são:
- Ter injustamente avaliações frequentes abaixo da média
- Sofrer críticas excessivas por chefes incompetentes ou não-atuantes
- Ser perseguido ou excluído da comunicação interna
- Pedir e não obter retorno sobre as tarefas entregues
- Ser transferido para salas isoladas da equipe ("ser colocado na geladeira")
- Ser humilhado com apelidos preconceituosos e outros sinais repetidos de agressão verbal
Nesses casos, o que fazer? Denunciar ao RH? Enfrentar a pessoa (ou o grupo) abertamente? Solicitar transferência do local ou mudança de área na empresa? As autoridades recomendam que o assédio moral seja denunciado à Delegacia Regional do Trabalho ou ao Ministério Público do Trabalho, pois todo ato ilícito que cause dano a outras pessoas gera o dever de indenizá-las.
No Rio de Janeiro, por exemplo, uma lei estadual de 2010 institui a obrigatoriedade de escolas públicas e particulares de notificarem casos de bullying à polícia. Só o Tribunal Superior do Trabalho (TST) julgou 656 processos de assédio moral em 2010, 44% a mais do que no ano anterior.
Como prevenir?
Muitos profissionais acreditam que as vítimas do bullying são escolhidas como consequência de sua baixa autoconfiança. Mas é justamente sofrer o ato repetidamente que afeta seriamente a autoestima, podendo levar à depressão e até ao suicídio.
Algumas medidas preventivas podem ser adotadas para evitar que haja assédio moral no trabalho:
- Busque informações sobre a empresa e a área onde está ingressando - se já houve casos de assédio, descubra como a empresa tratou o ocorrido
- Trate todos com respeito e educação, procurando ouvir as versões dos envolvidos antes de tomar partido em divergências ou acusações
- Seja polido ao comunicar seus limites pessoais ao chefe, para impedir que abusos ocorram e se estendam
- Evite ter visões preconceituosas e ressentidas que possam ser retaliadas por colegas ou chefes
- Mantenha críticas na devida proporção e as encare pelo lado profissional, a salvo quando são desrespeitosas ou preconceituosas
- Não apóie atos de assédio moral na empresa para não caracterizar coautoria
- Se você é chefe, promova programas de cooperação, palestras de conscientização e treinamentos de competências interpessoais para evitar o clima nocivo no ambiente organizacional
- Eleja moderadores ou facilitadores para resolver disputas ou divergências internas
- Saiba que a competitividade exacerbada e agressiva pode acabar estimulando bullying e acarretando doenças psicossomáticas ou demissões desnecessárias, onerando a empresa
- Encoraje a comunicação de alto nível, inclusive por email, e o suporte mútuo dentro das equipes.
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