sábado, 16 de outubro de 2010

O Dia Mundial da Alimentação e o profissional classificador

Caros colegas:

Hoje, 16 de outubro, é o Dia Mundial da Alimentação. Alguns colegas podem estar se perguntando: "e daí? o que tenho a ver com isso?". E são justamente indagações assim que me motivam a escrever o presente texto. Sei que nada disso representa novidade, mas sempre é bom pararmos um pouco para refletir.

O ser humano, que foi criado para ser dinâmico, corre muitas vezes o risco de se concentar no seu "feijão com arroz", isto é, na sua rotina diária, e, no nosso caso, esquecendo-se de que nosso trabalho está inteiramente ligado à alimentação. Pode-se chegar ao ponto crucial de utilizar o termo "alimentação humana" somente com o fim de elaborar um certificado, "passando batido" pelo termo.

Mas para que servem nossos serviços? Os serviços de classificação e certificação não devem estar no mercado somente para determinar o padrão de qualidade em que se encaixa uma amostra analisada. Os que pensam assim provavelmente estejam desanimados com o próprio trabalho. Se estiverem, pergunto: estão loucos para se aposentarem e pendurar as chuteiras? Seria o mesmo que estarem esperando a morte chegar...

Os padrões de qualidade industrial estão mudando muito, em caráter mundial. Ao mesmo tempo, os serviços de classificação continuam os mesmos, sendo alterados somente pelas mudanças na Legislação, que já chegam atrasadas. A qualidade de um produto está desde a produção de sua matéria prima, da qualidade do armazenamento da mesma, passando pelas práticas de fabricação, até chegar à mesa do Classificador para posterior chegada à mesa do consumidor.

Segundo dados da CONAB, a produção de grãos no RS aumentou, desde 1977, cerca de 200%. Se aplicássemos a mesma proporção à arrecadação de nossos serviços, estaríamos em uma situação bastante diferente da atual. Os argumentos de que a sucessão dos governos e a consequente desvalorização do Poder Público pelos nossos serviços, através da pouca contratação de novos profissionais, da necessidade pouco  praticada da qualificação para os que estão, além de vários acontecimentos que fazem com que o profissional se sinta diminuído ou subaproveitado dentro da Empresa são verdadeiros e totalmente coerentes.

No entanto, cabe-nos considerar aqui que somos seres humanos criados com o poder da indignação, principalmente com o poder da indignação sobre o próprio  ambiente de trabalho e sobre o que o profissional pode fazer a mais para qualificar seu trabalho e sentir-se mais realizado, pleno e feliz.

Parafraseando o pensador francês Jean Jacques Rousseau, quando um colega afirma que não está "nem aí" para a Instituição, é o primeiro sinal de que essa instituição está fadada à ruína. Temos muito pelo que lutar, pelo que conquistar: salários, valorização profissional, reciclagem mais efetiva, contratação, mas, se perdermos o amor pelo que fazemos perderemos ainda mais.

Perderemos a capacidade de maiores conquistas, a dignidade profissional, o que já conquistamos, a capacidade de dar o efetivo exemplo aos nossos filhos e futuros colegas que devemos ser lutadores e não desanimar nunca. Perderemos, ainda, o nome EMATER, que está praticamente vinculado a nós como um segundo sobrenome e pelo qual muito ganhamos em nossa vida funcional.

Creio que estamos atravessando um momento onde quem não tem amor pelo que faz ficará à margem do progresso. E isso deve nos interessar a todos, pois cada um de nós possui uma família , que deve se orgulhar do exemplo que transmitimos e do que representamos em nossa profissão. Para isso, não precisamos de mágica, basta amor.

E amor se conquista na busca de novas frentes, da reflexão sobre o que representa o importante serviço que já praticamos, de não ficar de mãos abertas esperando que alguém erga um busto em nossa homenagem. Talvez o amor seja a maior alavanca de conquistas profissionais. De nada vale a vida de quem passou por aqui sem deixar a sua marca.

Que este Dia Mundial da Alimentação possa servir de marco para o início da alimentação de nossas mentes, que são totalmente capazes da busca por novos sabores e da felicidade.

Os que tiveram a paciência da leitura até aqui fiquem à vontade para comentários contrários ou não a tudo o que foi exposto. Também peço desculpas se alguém se sentiu ferido por algum momento, minha intenção não foi essa. A essência de nossa EMATER ainda existe para que sejamos plenos de felicidade.

Um forte abraço a todos!

Otávio Avendano de Vasconcellos - Moderador
UCL Pelotas 


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