Após acumular prejuízos no primeiro semestre, os produtores de cereais conseguiram reverter esta situação de Julho a Outubro. De acordo com Ariovaldo Zani, vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), os principais insumos – farelo de soja e milho – foram corrigidos de 15% a 30% respectivamente, mesmo diante de estoque nacional suficiente para abastecimento do consumo doméstico e do atendimento das exportações.
Alguns dos fatores que podem justificar este aumento, segundo Zani, são a quebra da safra de trigo na Rússia e problemas climáticos no Canadá e na China; a tendência de uso crescente da indústria americana de biocombustível e introdução do E 15 que adiciona 15% de etanol à gasolina; a adição de 5% de biodiesel de soja ao diesel no Brasil; o estoque global de passagem dos grãos que deve cair a 16% da demanda no fim da temporada; a relação mundial estoque/uso da soja que pode cair a 8% em relação ao ano passado e a diminuição da área plantada das sementes. "Neste último quadrimestre de 2010 o setor de alimentação animal sofrerá os solavancos conseqüentes à escalada dos preços de cereais e oleaginosas", afirma Zani.
Tendências- Para o vice-presidente executivo do Sindirações, o valor dos insumos neste último mês de 2010 e início de 2011 devem ser influenciados, hipoteticamente, pelo fenômeno climático La Niña, que atrasa as futuras safras de soja no Brasil e na Argentina. Além disso, o apetite voraz da China que em alguns anos tornar-se-á um grande importador de milho e as previsões alarmistas da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para uma explosão demográfica e de consumo crescente até 2050 devem pressionar as cotações. "É importante atentar também para os mercados agrícolas – milho, soja, etc. – que devem continuar sofrendo com a extrema instabilidade provocada por investidores que retomaram o interesse pelas commodities por conta da farta liquidez global, pífio crescimento da economia e expansão monetária nos Estados Unidos", pontua Zani.
O aumento do preço dos insumos impacta diretamente no setor de alimentação animal. No entanto, acima desta questão, devem ser levadas em consideração as decisões e capacidade de compra do consumidor, além de suas exigências em relação ao suprimento e segurança dos alimentos. Zani explica que a produção brasileira de rações ao longo de 2011 depende principalmente do crescimento das indústrias produtoras de aves e suínos, influenciadas principalmente pelo desempenho das exportações, já que o mercado doméstico apresenta níveis de consumo semelhantes aos dos países desenvolvidos. "Porém, o setor de alimentação animal, pressionado com o aumento nas cotações dos grãos, pode causar descompasso suficiente para comprometer os elos precedentes (fornecedores) ou subseqüentes (criadores), alguns precocemente, outros mais tardiamente, pela inibição do consumo de carnes pelo consumidor", afirma o representante do Sindirações. "Ou seja, a capacidade de compra do consumidor é testada constantemente no varejo e determina seu índice de fidelidade a determinado tipo de carne ou alternativamente a substituição de uma por outra".
Segundo Zani, a atuação do Sindirações deverá ser a mesma em qualquer contexto de mercado, ou seja, a entidade irá promover a sustentabilidade econômica, social e ambiental da cadeia de produção animal brasileira, "já que sua missão é ser a voz da indústria de alimentação animal, construindo um ambiente competitivo adequado e colaborando para a produção do alimento seguro, defendendo a ética nos negócios, o comércio justo, a isonomia e eficiência regulatória, sempre tomando decisões baseadas em evidências científicas". Para ele, o governo brasileiro deve tomar a iniciativa de controlar os gastos públicos a fim de permitir queda dos juros reais e diminuição da carga tributária para que o setor privado pudesse investir mais e o produto brasileiro ganhar mais competitividade no cenário internacional.
Fonte: http://www.agrolink.com.br/noticias/ClippingDetalhe.aspx?CodNoticia=150708
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