Por Eloi Zanetti*
Assisti a um filme onde um rapaz, de uns 22 anos, comenta com os amigos que ele havia ficado “por fora” a respeito de uma música que tocaram em uma festa. Ele havia se sentido velho e deslocado do lugar e do contexto. A turma mais jovem era mais informada sobre as novidades do que ele, apesar de se achar atualizado e inserido nos movimentos musicais. “Cara! Tocaram um estilo musical de que eu nunca tinha ouvido falar.” Exclamou o jovem, assombrado com a sua falta de informação.
Até há pouco tempo, principalmente no ambiente empresarial, as gerações se misturavam numa boa. Cinquentões se misturavam com os de quarenta e estes com os de 30 ou 20 e até com os office boys. Cada geração sabia o seu lugar e havia respeito entre elas. O ritmo dos dias era outro e dava para acompanhar as mudanças de cenário e circunstâncias. Experiências profissionais eram respeitadas e serviam de base para o aprendizado dos mais jovens. Uma geração passava conhecimento para a outra, como sempre foi.
Hoje o que vemos é uma quase separação entre gerações. Os de cinquenta e sessenta estão saindo naturalmente do mercado. Alguns, entre 40 e 45 anos, estão se afastando compulsoriamente porque não conseguiram acompanhar as novas tecnologias. É comum ver publicitários abandonarem a profissão para abrir pizzarias. Executivos entre 30 e 40 seguram-se nos seus cargos como podem porque atrás deles chega com apetite voraz a turma dos 28, mais bem preparada com seus cursos de mestrados e especializações. E essa turma dos 28, que acha que sabe tudo, já é ameaçada pela turminha dos 20, que acredita saber mais ainda. E muitos sabem mesmo.
A característica da turma mais jovem, os chamados geração Y, é a da pressa. Querem conquistar o mundo de hoje para amanhã. Já nasceram programados para a vida dupla do off e do on line e sabem vivê-las como uma coisa só, pois passam em média 11 horas na frente do computador, em ambiente de trabalho.
Ao nascerem inseridos na tecnologia, sabem dominá-la com maestria e assimilam as novas informações com incrível rapidez. Isso lhes dá um handicap considerável sobre os mais velhos. Atari para eles é peça de museu.
Ao ser obrigado a ser eficiente em qualquer parte, o jovem profissional levou o trabalho para fora da empresa e, lá na rua, ele "corre" mais que o sedentário profissional ainda acostumado à hierarquia, inclusive à geográfica, de sua posição.
A mobilização chegou rápida por meio de celulares, ipads e laptops; já não se trabalha mais nas salas dos escritórios. Fazemos reuniões virtuais, recolhemos informações e passamos ordens enquanto esperamos embarques, nos deslocamos em táxis ou almoçamos. Alguns continuam plugados durante as férias e a barraca da praia virou escritório remoto. A possibilidade do trabalho móvel fez com que as hierarquias tradicionais que se apoiavam no contato direto perdessem sentido para o jovem profissional. Fora do ambiente físico, sem as divisões das paredes, vidros, salas, andares e baias eles alçam vôos mais libertários.
Observo uma separação entre as gerações e, de cima para baixo, uma teme a outra. A ameaça profissional dos mais novos é visível. Por outro lado, o que falta em domínio de técnica aos mais velhos, sobra-lhes em vivência comercial, amadurecimento no trato entre as relações pessoais e a malícia que o mundo dos negócios exige.
O que o bom administrador tem a fazer é saber usar essas diferenças a favor de todos. Dos envolvidos e da empresa. Saber segurar a pressa dos mais jovens e a impaciência dos mais velhos. Dispor dos conhecimentos técnicos da moçada e aproveitar as experiências adquiridas pelos erros e acertos dos “idosos”. Nunca o mundo esteve tão interessante de ser observado.
*Consultor em marketing,
comunicação corporativa e vendas
comunicação corporativa e vendas
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