O trigo está presente em 133 mil propriedades rurais do país e movimenta uma cadeia produtiva que envolve quase 800 mil pessoas. Os números foram apresentados no VI Fórum Nacional do Trigo, que aconteceu em Ijuí, RS, dias 16 e 17-05. A importância econômica, social e ambiental da cultura foi registrada através de uma carta que será entregue no MAPA na próxima segunda-feira (dia 23-05), durante reunião para discutir limites na importação da farinha de trigo argentina.
O Brasil tem área com potencial para produzir 12 milhões de toneladas de trigo, considerando apenas a área que já é cultivada com grãos no país. Contudo, a produção brasileira prevista para 2011 é de 5,3 milhões de toneladas, frente a um consumo de 10 milhões de toneladas. No quesito tecnológico, o Brasil é referência mundial, com rendimentos nas lavouras que chegam a 6 mil kg/ha, mas a realidade tem sido o baixo investimento na cultura que alcançou a média de 2.500 kg/ha na última safra.
Segundo a Fundacep, em 2006 mais de 60% das cultivares disponíveis no mercado eram de trigo brando. Em 2009, para atender a demanda da indústria, 90% das cultivares passaram a resultar em trigo pão. Mesmo atendendo aos quesitos de qualidade exigidos pelo mercado, o trigo brasileiro sofre concorrência direta do cereal importado dos países vizinhos. Em 2010, somente a Região Sul importou 355 mil toneladas dos países do Mercosul, enquanto exportou 585 mil toneladas para o Oriente Médio e África do Sul. “Os países vizinhos produzem trigo com tecnologia brasileira. As nossas cultivares estão no Uruguai e no Paraguai. O que estamos importando é o trigo brasileiro, gerando emprego e renda longe daqui”, desabafa o Chefe-Geral da Embrapa Trigo, Sergio Dotto. Para o engenheiro agrônomo da C.Vale Cooperativa Agroindustrial, Enoir Pellizzaro, os trigos brasileiros são tão bons quanto os importados: “hoje a C.Vale produz farinha de qualidade usando apenas 20% de trigo importado”.
De acordo com o deputado federal, Gerônimo Goergen, o Mercosul foi criado para unir esforços na disputa por novos mercados e não para desencadear uma luta entre os países do Cone Sul. Na abertura do Fórum, Goergen avaliou que o trigo não pode ser moeda de negociação entre Brasil e Argentina para exportação de produtos eletrônicos, automóveis e máquinas agrícolas. “Uma discussão reunindo cinco ministérios acontece na próxima semana em Brasília e vamos levar as reivindicações da triticultura levantadas neste evento. Neste momento em que a Argentina está impondo barreiras a entrada de nossos produtos no país, é o momento do Governo defender o trigo brasileiro e corrigir um erro cometido no passado”, enfatiza o deputado.
O Documento de Interpretação e Encaminhamentos do VI Fórum Nacional do Trigo será entregue no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), na próxima segunda-feira, dia 23, através do Presidente da Cotrijuí Carlos Domingos Poletto, e do Presidente da Fecoagro, Rui Polidoro Pinto. O documento está disponível no site do evento em http://www.forumnacionaldotrigo.com.br.
Outra discussão sobre trigo que deverá repercutir nos próximos meses aconteceu também no dia 17, na Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS), quando um grupo de obtentores, responsáveis pela geração e desenvolvimento de cultivares de trigo, estiveram reunidos para discutir os critérios para o enquadramento das cultivares na nova classificação que começa a vigorar em 2012. Indicativos como número de amostras para classificar cada cultivar e a padronização do tratamento estatístico nas pesquisas serão apresentados na V Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale, que acontece de 25 a 28 de julho, em Dourados/MS.
As informações são da assessoria de imprensa da Embrapa Trigo.
Fonte: http://www.agrolink.com.br/noticias/NoticiaDetalhe.aspx?codNoticia=130443
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